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Isildinha Baptista Nogueira, conselheira da Adaap, é uma das finalistas do Prêmio Jabuti na categoria Ciências

Na última semana, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou os livros finalistas da 64ª edição do Prêmio Jabuti, um dos mais prestigiados da língua portuguesa, e Isildinha Baptista Nogueira, nova conselheira da Adaap, é uma das indicadas na categoria Ciências.

Referência entre os prêmios literários do país, realizado há mais de seis décadas, o Jabuti é patrimônio cultural e por sua abrangência é considerado o maior, mais completo e relevante prêmio do livro no Brasil, pois se empenha em iluminar o que de mais significativo se produz na literatura nacional.

Nesta 64ª edição, foram divididos 4 eixos principais – Literatura, Produção Editorial, Inovação e Não Ficção- e dentro deles algumas subcategorias. A Cor do Inconsciente: Significações do Corpo Negro, de Isildinha Baptista Nogueira, é uma das 10 finalistas na categoria Ciências no eixo de Não Ficção.

O respectivo livro da psicanalista é um trabalho que estimula criações, que traz novas ideias e inspira o pensamento para inovadoras obras. Isildinha é uma pioneira ao incluir com o instrumental psicanalítico a discussão do corpo na abordagem tanto da dimensão sociocultural como subjetiva da condição de negro no Brasil. Num trabalho que traz muito de um profundo mergulho em si mesma, na condição de mulher, negra e brasileira, ela delineia as muitas amarras que interditam o desenvolvimento da pessoa, a autodepreciação e processos autodestrutivos culturalmente introjetados numa sociedade racista. A Cor do Inconsciente expõe as raízes do racismo entranhado nas camadas sociais, inclusive adentrado em indivíduos que não se consideram racistas.

Em um dos trechos do livro, a autora relata uma de suas primeiras experiências que a instigou a reflexão sobre sua própria negritude:

“Como combinado, fui ao evento, levando um bilhete que ele me pediu que entregasse a uma pessoa que estaria na porta da Maison de L’Amérique Latine, local do evento. Fui recebida gentilmente, os analistas e intelectuais europeus presentes me olhavam surpresos, mas se dirigiam a mim de maneira acolhedora. Os analistas e intelectuais brasileiros me dirigiam um olhar de espanto e pouco amigável. Nunca soube o que estava escrito naquele bilhete, mas tive um acolhimento que jamais havia experimentado no Brasil. Afinal, eu era apenas uma estudante em início de carreira, uma ilustre desconhecida. Hoje, lembro disso, dou muita risada. Só Felix poderia ter feito algo assim. Feitas as apresentações, fiz uma fala curta e insegura, própria de alguém que havia apenas começado a pensar a própria negritude, mas que passaria, a partir daí, a ser um pensar permanente, de entender o complicado mecanismo psíquico que se desenrola no intrincado processo de se tornar sujeito, um sujeito negro. Da tribuna de onde falei, vi que os analistas franceses, muitos dos quais mundialmente conhecidos, falavam entre si e uma dentre eles, Radmila Zygouris, amiga de Felix, dirigindo-se a mim, disse: ‘Essa fala é você, e tudo quanto a psicanálise ou analistas ainda não pensaram, uma falta’. Em seguida fui convidada para jantar com o grupo, muitos dos quais se tornaram meus mestres, pessoas importantes na minha formação. Como diziam os amigos que fiz na França, passei por uma escola peripatética de psicanálise, por conviver dia a dia com analistas com quem muito pude aprender.”

Sua obra retrata o sofrimento psicológico como uma das marcas mais dolorosas do racismo. O estudo do pensar em si mesma num contexto em que a cor de sua pele é alvo de discriminação e a partir disso buscar seus valores mais profundos, como a memória pessoal e o amor próprio, para que seu corpo possa se tornar compreensível é um trabalho dos mais complexos e árduos que se possa exigir de uma pessoa.

Isildinha é mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). Fez sua formação nos Ateliers de Psychanalise, em Paris, com Radmila Zygourys, uma das fundadoras da instituição. É desde outubro de 2022 conselheira da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), gestora do projeto da SP Escola de Teatro.


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