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Panorama das artes: saiba como foram as conversas sobre direção, atuação, iluminação e dramaturgia na SP Escola de Teatro

No último sábado, 19, aconteceu na SP Escola de Teatro o Panorama das Artes, uma atividade pedagógica tradicional do início de semestre do curso técnico da instituição. Nela, os coordenadores das linhas de estudo apresentam uma perspectiva geral do material de estudo de cada área e também detalhes das respectivas profissões.

Nestes primeiros encontros, foram contemplados quatro campos: direção, com Rodolfo García Vázquez; atuação, com Hugo Possolo; dramaturgia, com Marici Salomão; e Iluminação, com Guilherme Bonfanti. Cada aula foi gravada e está disponível na íntegra no YouTube da Escola para conhecimento do público.

Confira abaixo uma prévia do conteúdo de cada palestra:

Panorama das Artes – Direção:

A aula foi ministrada por Rodolfo García Vázquez, coordenador de direção da SP Escola de Teatro e co-fundador da tradicional Cia. Teatro Os Satyros.

Para falar sobre o trabalho de diretor teatral, ele relembrou o início do Satyros e o papel fundamental do grupo na revitalização da Praça Roosevelt. Nesse contexto, um dos objetivos centrais foi promover o trabalho com grupos marginalizados e excluídos pela sociedade, como prostitutas, ex-detentos, trans e travestis.

Depois, Rodolfo abordou a mudança do olhar da cena artística sobre o papel do diretor conforme o passar dos anos. Para isso, ele relembrou o ideário que dominava o teatro quando iniciou sua carreira nos anos 1980:

“Naquela época, a imagem que se tinha de um diretor teatral era de alguém com o controle absoluto do processo criativo. Que utilizava os atores, a equipe técnica e os outros artistas envolvidos no projeto como peças em sua construção cênica. Então, a partir de um texto já escrito, fazia-se um trabalho de mesa, uma leitura ‘à lá Stanislavski’ e depois o diretor dava os comandos. Era muito forte a ideia de um diretor pedagogo.”

Rodolfo explicou que com o passar do tempo, a imagem que o universo das artes cênicas cultivava do diretor amadureceu.

“Eu demorei para entender que não era necessário ser autoritário para ser um bom diretor de teatro, foi necessário um processo de aprendizado e desconstrução. Nesse contexto, a Cia. Os Satyros foi um dos expoentes na renovação desse ideário na cena teatral paulista “, comentou.


Panorama das artes – Dramaturgia:

Marici Salomão, coordenadora de dramaturgia, introduziu os expedientes centrais e mais importantes da área. Ela iniciou a aula com a seguinte afirmação:

“Dramaturgia não é só escrita de peças teatrais”

Segundo a professora, nasce dessa assertiva a ideia mais primária e antiga que acompanha o significado de dramaturgia.

“Dramaturgia é um modo de ver a vida; de ver mais vida na vida, de fazer um raio-x na vida, de observá-la e ‘linkar-se’ a ideia de vida, e isso tem legitimado há mais de 30 anos a minha existência. O que é esse modo de ver a vida? Não é romântico ou aleatório.”

A partir disso, Marici sistematiza tal forma de enxergar a vida utilizando para isso as ferramentas do dramaturgo. A primeira que ela aborda é a produção de um trabalho pautado no sistema ternário: começo, meio e fim. De acordo com a coordenadora, uma proposição dramatúrgica existe nesse molde, navega em um sistema ternário, e essa ideia de três partes, que é utilizada para a composição de uma peça de teatro, tem raiz na natureza:

“A gente pensa a vida em três partes, o corpo tem três partes, não é à toa que o teatro é muito regido pelos três atos mais o prólogo e o epílogo (que foram caindo no decorrer dos séculos). A vida está sendo regida em três partes.”

Marici ainda traz três outros modos de ver a vida que têm relação com a dramaturgia além do sistema ternário; oposição, duplo e ética.

“O dramaturgo experiência o mundo à luz desses elementos, recolhe estes junto as suas vivências e devolve isso em forma de gesto criativo da melhor forma possível. “.


Panorama das artes – Iluminação:


Em sua aula, Guilherme Bonfanti, coordenador de Iluminação, partiu da pergunta ‘O que entendemos por luz?’, acolhendo diferentes definições a respeito do significado desse elemento dentro da cena teatral. Foi trabalhada a questão conceitual e estética da iluminação, e ele explicou os diferentes campos de atuação da luz e do lighting designer.

Para isso, Guilherme partiu de sua experiência pessoal no decorrer deste processo; ele revelou que a passagem por diferentes diretores durante sua trajetória profissional ampliou a sua percepção a respeito do que era luz, tornando-a muito plural e aberta. O coordenador também pontuou que é importante que o lighting designer saia do campo da subserviência:

“O fato da nossa matéria não ser o nosso corpo, a nossa voz, nos coloca para fora de nós, nos recursos: lâmpadas, refletores fabricados. A gente tem que buscar a nossa matéria prima para poder se expressar, nesse sentido a construção do nosso trabalho tem um dado artesanal, físico, manual, que o transforma em algo peculiar.”


Panorama das Artes – Atuação:

Em sua palestra, o coordenador de atuação Hugo Possolo explicou um pouco do ideário que deve tomar a mente de um ator ou atriz:

“Há diferentes formas de manifestação estética que às vezes não estão organizadas como arte, tanto do ponto de vista de uma nação cultural, quanto do ponto de vista de uma questão de classe. A visão decolonial é fundamental para que você aborde a sua linguagem e possa trabalhar com ela, sem estar preso a alguma ideia de domínio.”

Além disso, o professor falou sobre história da arte, retomando a influência do movimento modernista no processo de construção desse conhecimento:

“O que aconteceu com o modernismo foi a ruptura com a concepção estética acadêmica, quando você é um artista você pode romper com a questão do ideal, foi o modernismo que propôs, no entanto, para os vanguardistas era apenas uma ruptura de um pensamento burguês estabelecido para tentar criar as margens de um outro pensamento burguês, simplesmente. ”


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