TBT: Relembre a visita de Nathalia Timberg à SP Escola de Teatro em 2016!
No TBT de hoje, relembramos a passagem de Nathalia Timberg pela SP!
Em 2016, a atriz visitou a Instituição para realizar um bate-papo e transmitir aos estudantes os conhecimentos que adquiriu durante seus 60 anos de teatro, cinema e TV. O encontro foi parte do Território Cultural Expandido, evento tradicional da Instituição, e quem fez a mediação foi J.C. Serroni, coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco.
A carreira de Nathalia na atuação teve início ainda na infância, aos oito anos, quando participou do filme O Grito da Mocidade, dirigido por Raul Roulien. No entanto, sua relação com as artes do palco se estreitou na juventude; no final da década de 1940, a atriz ingressou no teatro universitário na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, que atualmente é a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1950, ela ganhou uma bolsa para estudar o curso de formação de atores ‘Education par les Jeux Dramatiques’, na França, onde conheceu o famoso encenador e diretor Jean-Louis Barrault. Após retornar ao Brasil, aos 25 anos, Nathalia participou da Companhia Dramática Nacional e do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Em 1950 fez sua estreia na televisão, espaço no qual trabalhou para inúmeras emissoras, como a TV Tupi, TVs Excelsior, Cultura e Globo.
Com ampla experiência em diferentes linguagens artísticas nas quais a atuação é um elemento importante, Nathalia é uma artista plural. No bate-papo ela compartilhou sua perspectiva acerca do fazer teatral, se comovendo com a oportunidade de discutir um assunto tão importante em um espaço pioneiro como a SP Escola de Teatro:
“Sonhamos que todos estejam aqui por uma necessidade de usar essa forma de comunicação [o teatro], que é extremamente complexa e, ao mesmo tempo, fascinante. E que responde a esse anseio de discutir o homem, o mundo em que nós vivemos. Acho que esta escola é a única no país que eu conheço que se preocupa com isso. Eu fico muito emocionada por estar aqui, porque eu acho que é um lugar onde realmente se aborda o teatro como ele deve ser abordado.”
Segundo Nathalia, os moldes pedagógicos da Instituição correspondem muito a sua concepção e idealização de como deve ser o espaço de aprendizado do ator:
“A escola para mim não é um lugar em que você vá ler apostila, e sim um lugar que vai orientar a sua própria pesquisa. Eu acho que isso faz toda a diferença”.
Além disso, a artista explicou como o papel do ator está relacionado ao ato de construção do conhecimento, pois a forma artística do teatro requer a articulação de atividades complexas do ser humano. Portanto, escolher tal ofício por vaidade não se justifica: o desejo de atuar deve encontrar raiz na necessidade de expressão do indivíduo. Ela também pontuou que tal prática pressupõe muita pesquisa e dedicação:
“Ao optarem pelo teatro estão fadados a estudar pelo resto da vida, pois o aprendizado depende fundamentalmente da curiosidade intelectual dos artistas. Os caminhos estão abertos e se tem muito para trocar”.
Nesse contexto, Nathalia Timberg ofereceu conselhos valiosos sobre como se preparar para estar nos palcos; ela centralizou a importância da compreensão da língua portuguesa e da palavra como um instrumento do ator:
“A palavra é a base do nosso trabalho. Gente, a nossa língua tão maravilhosa está sendo esquecida. O ator é um intérprete. Trazer um texto para a nossa embocadura é conseguir dizê-lo bem, e não conseguir dizê-lo como você fala em seu cotidiano. Dias Gomes é um, o Machado de Assis é outro e o Plínio Marcos é outro. Nós temos que ter nossa embocadura preparada para saber dizer bem todos eles. Só podemos fazer isso se estudarmos a nossa língua”.