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Exposição Estante da Deseducação, da Biblioteca da SP, apresenta obras literárias que vão na contramão do pensamento formal


Nesta semana, a sede Brás da SP Escola de Teatro inaugura a  exposição Estante da Deseducação, que será permanentemente realizada na Biblioteca da instituição. Indo de encontro a proposta pedagógica e social da SP, a ação busca enaltecer a dar mais visibilidade a autores de nacionalidades, gêneros, sexualidades e etnias que vão na contramão do pensamento hegemônico que excluí e segrega.

Como alude o próprio nome do projeto, a exposição pretende incentivar o público visitante a desaprender muitos conceitos e ideias que foram construídos socialmente ao longo dos anos, mas que em grande parte não atendem à uma postura inclusiva e diversa. Autores importantes, consagrados e clássicos como Audre Lorde, Frantz Fanon, Djamila Ribeiro, Milton Santos, Lélia González e Bell Hooks são alguns dos destaques da estante.

Em comemoração ao feito, a bibliotecária Camila Araújo e as assistentes Flávia de Araújo e Nadege Mondestin prepararam para o público um texto exclusivo que introduz e explica o objetivo da exposição; confira na íntegra:


” Quando você pensa em conhecimento e clássicos da literatura, quais livros e autores vêm à sua mente? Como se aparenta esta autoria? É um homem, uma mulher? Cis? Heteronormativo? Branco ou Negro? Já havia pensado nisso?

No livro “Deseducação do Negro”, Carter Godwin Woodson afirma que o ensino tradicional não comporta os muitos saberes e histórias de outros povos e, como saldo, estes povos também são privados de conhecer sua própria história e memória. Assim como ele, muitos autores e correntes de pensamento questionam o ensino tradicional que se fundamenta essencialmente na epistemologia europeia. Nesse contexto, a SP Escola de Teatro é um espaço que fomenta novos olhares em um modelo de ensino transgressor, decolonial, horizontal e transformador.

Pensando nesta transformação e no momento presente, qual o papel das bibliotecas, centros de informação e educação no geral? Acreditamos que temos o papel fundamental de destacar e permitir que outras narrativas, pessoas e saberes sejam compartilhados através dos livros. Informar e formar com objetivo de erradicar as desigualdades e construir novos sentidos. Grandes livrarias e editoras têm espaço para narrativas não hegemônicas? A educação formal tem pensado em mostrar outras perspectivas da história que não a narrativa tradicional de subjugação de povos indígenas e africanos, por exemplo? Por isso, propomos a estante da “Deseducação”, que será um espaço de se despir dos conceitos e ideias que formulamos até então, seja no ensino escolar formal ou no seio familiar e social. É possível aprender e desaprender constantemente.

Esta exposição permanente dará destaque a escritas de nacionalidades, gêneros, sexualidades, etnias e identidades distintas, vozes e pensamentos de uma sociedade “Outsider”, como pontua muito bem Audre Lorde, uma das autoras em destaque na exposição. Ao longo dos anos, a biblioteca da SP vem adquirindo livros de autores consagradas, como Chimamanda Ngozi Adichie; clássicos, como “Pele negras e máscaras brancas de fanon”, de Frantz Fanon; Escritos de Djamila Ribeiro; Milton Santos; Lélia González; Bell Hooks; obras sobre filosofia africana como “Crítica da razão Negra”, de Achille Mbembe, entre outros. Queremos que nossa comunidade escolar e externa conheça estes e outros títulos para que possam complementar seus aprendizados e construir repertórios diversos.   ”

Confira outras obras em destaque na exposição:


Amada- Tony Morrison



Torto Arado- Itamar Vieira Junior



Eu, Tituba: bruxa negra de Salem- Maryse Condé



Enciclopédia negra: Biografias afro-brasileiras- Flávio dos Santos Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz



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