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Morre Danilo Santos de Miranda aos 80 anos, nome fundamental da cultura brasileira

Morreu na noite de domingo (29), aos 80 anos, Danilo Santos Miranda. Ele foi um dos maiores nomes da cultura nacional. Sociólogo, filósofo, ex-seminarista, ele esteve à frente do Sesc São Paulo por mais de quatro décadas. Ele ajudou a abrir unidades do Sesc em diversos estados, fortalecendo a educação, a cultura, os esportes. Impossível falar de gestão cultural sem falar de Miranda.

Confira a nota emitida pela instituição na íntegra:

“Com enorme pesar e profunda dor, comunicamos o falecimento de nosso Diretor Regional, Danilo Santos de Miranda, na noite deste domingo, 29/10. Natural de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, Danilo dedicou 55 anos de sua vida ao Sesc SP, estando à frente da Diretoria Regional da instituição desde 1984. Neste momento de grande consternação para todos nós, em nome da Presidência, do Conselho Regional e do corpo de funcionários do Sesc SP, prestamos nossa solidariedade e sinceros sentimentos à família e aos amigos de Danilo, e nossa homenagem ao querido diretor e companheiro.”

Ele está sendo velado no teatro do Sesc Pompeia. O velório começou restrito à família, às 8h, e foi aberto às 10h para o público em geral. Às 17h, ele será cremado no Cemitério Horto da Paz.

Miranda era conselheiro da ADAAP (Associação dos Artistas Amigos da Praça) desde 2016, tendo um importante papel na consolidação da associação e da SP Escola de Teatro, gestada e gerida desde 2009 pela organização social.

O Ministério da Cultura publicou no site uma nota oficial de pesar:

“A cultura brasileira amanhece em luto. São Paulo, especialmente, sente a perda de seu grande impulsionador cultural. Danilo Santos de Miranda faleceu aos 80 anos, após dedicar metade de sua vida à transformação do Sesc SP em uma potência cultural nacional.”

História

Ele se formou em Filosofia e Ciências Sociais e era especialista em ação cultural, com especialização em gestão empresarial no International Institute for Management Development – IMD, na Suíça. Ele atuou como conselheiro em entidades como Fundação Itaú Cultural, Fundação Padre Anchieta, Fundação Bienal, Museu de Arte Moderna de São Paulo e Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, além de ter sido membro da Art for the World, com sede na Suíça. Foi presidente do Conselho Diretor do Fórum Cultural Mundial (2004) e presidente da comissão que organizou o Ano da França no Brasil (2009).

Nascido em Campos dos Goytacazes, se mudou na adolescência para Friburgo, onde se matriculou na Escola Apostólica dos Jesuítas. Ali, teve formação religiosa e humanista e aprofundou seus conhecimentos em música, poesia e esportes, além de se envolver com política, no grêmio estudantil. Aos 24 anos, ele abandona as atividades seminaristas e se muda para o bairro da Lapa.

No Sesc, entrou em 1968, após ver no jornal um anúncio para um processo seletivo. Selecionado, começou a trabalhar como orientador social. Em 1973, foi trabalhar na área de recursos humanos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), mas retornou ao Sesc em 1984 como diretor regional e ali permaneceu até 2023.

Entrevista

Em agosto desse ano, a SP Escola de Teatro entrevistou Danilo Santos de Miranda, que falou sobre a ADAAP, a Escola, teatro e a importância da cultura.

Sobre teatro, disse: “O teatro, de modo geral, não é a simples representação da vida. Mais do que representar a vida humana, ele a compõe. Ele problematiza, cria celeuma, cria novas realidades. O teatro precisa ser corajoso. Ele deve ter coragem para tratar de temas de maneiras que, normalmente, outros não tratam. Por isso, ele tem papel fundamental na nossa vida. Quem sobe no palco para apresentar uma peça, mesmo que seja para somente uma pessoa na plateia, já tem muita coragem e está muito bem intencionado”.

Sobre a cultura no Brasil, ele apontou sua fragilidade e a importância de haver mais investimentos: “Ela está sempre ameaçada: falta de recursos, de perspectivas, de reconhecimento. Muita gente vê arte como coisa de segunda categoria, como uma coisa que não é necessária à vida. Faltam instituições, faltam leis de incentivo, faltam oportunidades. Vemos até, nos últimos anos, artistas sendo perseguidos. Depois de anos de intenso prejuízo, estamos tentando consertar tudo”.

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