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SP Escola de Teatro entrevista Patricia Pillar, conselheira da ADAAP

SP Escola de Teatro, criada e gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP), entrevista em 2023 todos os seus 13 conselheiros.

Inaugurada em 2010, a SP Escola de Teatro é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

A associação é uma Organização Social e exemplo do modelo de gestão de Políticas Públicas que vem sendo implantado pelo governo do Estado desde 2004, com base na Lei Complementar n° 846/98 e no Decreto Estadual nº 43.493/98. Através da publicização, ou gestão pública não estatal, serviços e atividades públicas são geridos por meio de parcerias entre o Estado e o terceiro setor.

A ADAAP faz parte da Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura (Abraosc) e tem por finalidade desenvolver e administrar projetos socioeducacionais, culturais e institucionais, valorizando a arte e a educação no estado de São Paulo.

A entrevistada de hoje é a grande artista brasileira Patricia Pillar.

Atriz, diretora, produtora e apresentadora famosa por trabalhos na TV, no teatro e no cinema. Estreou na TV com “Roque Santeiro”. Deu vida a personagens importantes em novelas e séries como “Rainha da Sucata” e “Ligações Perigosas”. Nos folhetins, os maiores sucessos foram Luana, em “O Rei do Gado”, e Flora, em “A Favorita”. No cinema, teve papéis de destaque em filmes como “O Quatrilho” e “Zuzu Angel”.

Ao longo da carreira, ganhou alguns dos principais prêmios das artes, como APCA, Imprensa, Festival de Brasília e Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

No teatro, sua primeira casa, Patricia trabalhou com o diretor Hamilton Vaz Pereira em sua fase pós-Asdrúbal Trouxe o Trombone. Ele a dirigiu em “Tem Pra Gente” (1983), “Amizade de Rua” (1985), “Estúdio Nagazaki” (1986) e “O Máximo” (1989). Nos palcos, também esteve ao lado de Raul Cortez em “Lobo De Rayban” (1998) e foi dirigida por Aderbal Freire-Filho em “A Prova” (2004).

Confira a entrevista com Patricia Pillar

Como se deu sua entrada no conselho da ADAAP? Por que, para você, é importante participar desse conselho e contribuir para o trabalho da associação?

Minha entrada no Conselho da ADAAP se deu através da relação que fui construindo com Os Satyros e com Ivam Cabral, na época em que criavam a Escola [junto de outros artistas]. Eu tenho uma grande identificação com a proposta do grupo, que foca numa arte inclusiva, transformadora, que dialoga e gera impacto social.

Esses são meus ideais como artista e cidadã, que coincidem também com o objetivo do trabalho da ADAAP – e, respondendo à pergunta, por isso sinto que seja importante participar e contribuir com seus projetos.

Para você, qual a importância e o impacto do trabalho da ADAAP e da SP Escola de Teatro nessa última década e meia?

Sempre admirei o trabalho da SP Escola de Teatro. Por consequência, também admiro o trabalho da ADAAP e seus diversos projetos. Acho que a importância de ambos os trabalhos está na pedagogia inovadora responsável por formar gerações de artistas de teatro e por incluir pessoas dos mais diversos perfis que, sem essa iniciativa, provavelmente não teriam acesso a uma formação profissional. Assim, a arte se torna uma ferramenta potente de transformação social.  Além disso, a promoção e a difusão da cultura em atividades diversas também são de uma importância inestimável, dada a imensa desigualdade social em que vivemos.

Para você, qual a importância das artes cênicas e das artes do palco no mundo? Qual o papel transformador/formador do teatro na vida das pessoas e na sociedade?

Desde os primórdios, os seres humanos sentem uma verdadeira necessidade de contar suas histórias, como forma de eternizar nossa vivência e de deixar um legado – um costume que se repete nas mais diferentes culturas. Vejo nas artes cênicas, e mais especificamente no teatro, um espaço onde essas histórias ganham vida. No palco, o público se vê nos personagens, e se identifica com eles. E, como o ser humano é essencialmente empático às experiências e sentimentos, os espetáculos têm a potência de despertar empatia e ampliar visões de mundo tanto para quem “assiste” quanto para o artista. O Teatro tem um enorme poder transformador para todas as partes envolvidas.

A arte performática está totalmente presente na sua vida, em trabalhos que marcam os brasileiros há décadas, seja no cinema, com “O Quatrilho”, seja na TV, com “A Favorita”, e tantos outros trabalhos nesses meios e no teatro. Como artista, qual foi sua missão nessas décadas? E o que você deseja criar/construir como artista nos próximos anos? Algum objetivo ainda não conquistado, ou um novo sonho, por exemplo?

Minha missão é ser sempre uma atriz de teatro. Explico: quando comecei a estudar teatro n’O Tablado, aprendi que o palco era um espaço de autoconhecimento e, sobretudo, de diálogo e reflexão sobre as questões humanas. No teatro, trabalhamos em conjunto e criamos um diálogo entre todas as partes de um espetáculo, como roteiro, figurino, caracterização etc.

Então, levo esse ensinamento para onde quer que eu vá, não importa se estou atuando no cinema ou na televisão. Estou sempre trabalhando em conjunto, em um processo de troca e de relacionamento com o outro – como no teatro -, e sempre procuro interpretar personagens que, de alguma maneira, coloquem as questões humanas em discussão.

Assim, desejo tocar as pessoas e gerar nelas uma sensibilidade diante das dores e das alegrias vividas em cena. Quando trabalho na construção de um personagem, sempre me aproximo de uma nova realidade. Isso desenvolve minha humanidade, alarga meus limites. Meu objetivo é sempre tocar o outro e aprender com essa troca.

Qual livro, filme, peça ou outro trabalho artístico você recomendaria para uma pessoa que quer conhecer mais sobre o Brasil atual, quer entender mais onde vivemos e agir a partir disso? Por quê?

É difícil citar apenas uma obra, seja ela teatral, literária ou cinematográfica. O Brasil é muito complexo e, ainda bem, nós temos uma infinidade de autores e artistas que vão explorá-lo sob os mais diversos aspectos e nuances.

Eu poderia citar vários por quem tenho especial apreço, como: Caetano Veloso, Tom Jobim, Chico Buarque, Mano Brown, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna, Clarisse Lispector, Machado de Assis, Adélia Prado, Carolina Maria de Jesus, Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Jeferson Tenório, Eduardo Coutinho, Glauber Rocha, Emicida…  Nós temos muito o que trocar com o mundo, e temos essa responsabilidade! O Brasil transborda talentos!

E por isso acredito numa educação de qualidade e na igualdade de oportunidades para continuarmos o trabalho desses grandes brasileiros, formando cidadãos e contando nossas histórias. Na minha visão, a função do artista envolve se comprometer com esse objetivo.  //

Leia as entrevistas com os demais conselheiros, feitas em 2023:

+ Entrevista com Isildinha Baptista Nogueira

+ Entrevista com Leandro Knopfholz

+ Entrevista com Danilo Santos de Miranda, in memoriam

+ Entrevista com Helena Ignez

+ Entrevista com Wagner Brunini

+ Entrevista com Rachel Rocha

+ Entrevista com Mauricio Antonio Ribeiro Lopes

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