Espetáculo “Hello, Édipo (Panóptico/Foucault)” estreia em 20/9 na SP Escola de Teatro
De 20/9 a 13/10, fica em cartaz na unidade Roosevelt da SP Escola de Teatro a peça “Hello, Édipo (Panóptico/Foucault)”, da Cia Veneno do Teatro, com dramaturgia e direção de Bartholomeu De Haro.
As apresentações são gratuitas e os ingressos estão disponíveis no Sympla da SP Escola de Teatro.
Para montar a clássica tragédia grega Édipo Rei, escrita por Sófocles por volta de 427 a.C, a Cia Veneno do Teatro e o dramaturgo, adaptador e diretor Bartholomeu de Haro pautaram-se na temática do filósofo Michel Foucault (1926-1984). As tragédias de Sófocles são tão geniais que sempre retornam, elabora o grupo. A consciência dos atos e como se desdobram sem a devida percepção dos indivíduos que são vigiados permanentemente, pode desembocar no exercício do poder alienado.
Depois de algumas apresentações em 2023, parte de seu processo de montagem, o espetáculo estreia dia 20 de setembro, sexta-feira, na SP Escola de Teatro/ Sala Alberto Guzik – R1 – Praça Franklin Roosevelt, 210. A temporada vai de 20 de setembro a 13 de outubro de 2024, com sessões sexta e sábado, às 20h30, e domingo, às 18h.
Nas referências do encenador, têm lugar os principais pensadores do século 20: Sigmund Freud, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Foucault, “além de tantos importantes autores” que lançaram seus olhares sobre a obra e canalizaram para outros desdobramentos.
De Haro assistiu e se interessou pelas conferências proferidas por Foucault, inclusive no Brasil, sobre As Verdades e as Formas Jurídicas. A concepção para a primeira montagem da peça Hello Édipo foi idealizar um espaço de ação atemporal que acolhesse tanto o clássico quanto o contemporâneo.
“A tomada da palavra por parte do povo, dos anônimos, são alguns dos elementos fundantes nesta adaptação. Conspirando com a criação de autores como M. Yourcenar, R. M. Rilke e O. Bilac, pretendemos evocar os mitos, os arquétipos, disfarçados e/ou ocultos nas ‘encruzilhadas’ da cidade, em um contexto urbano e atual. Um ato violento e metafórico que nos faz refletir sobre a condição humana, suas ações e consequências”, afirma a atriz Elen Londero.
Sinopse – Édipo como fio condutor do inquérito – promotor, juiz, carrasco e réu de si mesmo
Todo o enredo da obra original está preservado bem como os personagens. Édipo na rua… no meio do cruzamento. Um grupo de pessoas que tenta encenar uma peça (O Inferno é para quem se acha no Céu), se amotina e toma o público como refém. O grupo decide contar a sua versão de Édipo-Rei em meio a uma encruzilhada urbana, desrespeitando a faixa de segurança onde Foucault tenta consertar o semáforo que entrou em pane.
Todos estão em um confinamento (“pode ser em qualquer instituição, uma família, uma prisão, uma escola”), onde ocorre uma rebelião, um motim violento e metafórico; os atores “amotinados” capturam o público e seus personagens como reféns e os guardam dentro de si, clandestinamente. Vestidos e imbuídos dessa nova e poética insurreição nada mais resta a fazer senão percorrer o labirinto, os túneis; enfim, tentar fugir do cativeiro.
Medo, prazer, poesia – há um tribunal onde a verdade será revelada com o desdobramento dos inquéritos e testemunhos. O rescaldo caberá a todos. Após esta jornada, encontra-se alguma luz, um clarão que incentiva e anuncia: dias melhores já estão vindo. O complexo é simples.
Diálogo entre o clássico e o contemporâneo
Para dar vida à história na sua concepção Bartholomeu solicitou à equipe de criação – cenografia (JC Serroni), figurino (Telumi Hellen), iluminação (Guilherme Bonfanti) e música (André Omote/Bartholomeu de Haro) – que todos os elementos cênicos estabelecessem um diálogo entre o clássico e o contemporâneo.
“Lancei mão do metateatro, marcações inusitadas, sonoridades clássicas, batuques, rap original (de minha autoria) executado ao vivo, poesia urbana, grafite, cenários/figurinos/adereços, feitos de material reciclado e desconstruído, iluminação que reflete atmosferas misteriosas e poéticas, resenhas de textos atuais que interagem com a ação”, explica Bartholomeu.
O diretor também criou três vídeos que são exibidos durante a peça – uma entrevista polêmica de Foucault e outros originais com as marcas da expressão dos guetos, ocupações, danças do “eterno retorno”. “Enfim, um espetáculo coeso, harmônico, repleto de associações que é performado por atuantes plenos em cena. Tudo isso para provocar, impactar e proporcionar ao público a potência com sensibilidade que o Teatro oferece”, completa De Haro.
Dramaturgia e encenação
A montagem focou como mote principal a “encruzilhada” existencial do personagem principal, “juntamente com a trajetória dos demais personagens, gerando assim um protagonismo dos atuantes para cada cena/situação.”, conta o diretor. Édipo foi o condutor do inquérito, o promotor, o juiz, o carrasco e o réu de si mesmo. Ele consegue ter êxito no inquérito, êxito esse que o destrói.
De Haro ressalta que “os testemunhos deveriam ser materializados e expressos na narrativa teatral trazendo a infância, a família, o totem, as muralhas, os territórios de inquéritos e aprisionamentos institucionais bem como corporais conectados com a temática de Michel Foucault e também com manifestações de outros autores e as minhas próprias realizando uma compilação poética e atual”.
A proposta de Bartholomeu é que os personagens surjam das ruas da cidade, dos guetos, das ocupações. “A inovação é que nesse desdobramento cênico, os anônimos, aqui revoltosos “mascarados”, se apropriam de seus personagens e vão se revelando e estabelecendo uma relação direta com os outros personagens e público.”
Serviço
Espetáculo: “Hello, Édipo (Panóptico/Foucault)”, da Cia Veneno do Teatro
Onde: SP Escola de Teatro – Unidade Roosevelt (Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação)
Quando: De 20/9 a 13/10 – Sextas e sábados às 20h30; Domingos às 18h
Ingressos gratuitos: Sympla da SP Escola de Teatro
Duração: 80 minutos
Gênero: Tragédia
Classificação: 12 anos
Ficha técnica
Direção e Adaptação Dramatúrgica: Bartholomeu De Haro
Atuantes: José Sampaio, Sol Faganello, Silvio Restiffe, Elen Londero, Pedro Henrique Moutinho, Bartholomeu De Haro, Darília Ferreira, Ted O’Rey e Marina Soveral
Cenário: J.C. Serroni
Iluminação: Guilherme Bonfanti
Figurinos: Telumi Hellen
Sonoplastia: André Omote, Felipe Silotto, Grupo Voz/Karpintaria, Bartholomeu De Haro
Cenotécnico: Alício Silva
Assistente de Figurino: Natália Munck
Assistentes de Cenografia: Bruno Torato, Caio Rosa
Aderecistas: Douglas Vendramini, Mirela Macedo
Operador de Luz: Emerson Fernandes
Operador de Som: Diogo Vieira da Silva
Preparação Corporal: Christiane Lopes
Fotografia do Processo: Jonatas Marques
Fotografia e Cenas: Andre Stefano
Desenho “Death of Oedipus”: Ian De Haro
Design Gráfico, Edição de Imagens e Vídeo: Henrique Mello
Argumento/Vídeos: Bartholomeu De Haro
Assistente de Produção: Danilo Stavale
Assistente Administrativo: Marcelo Luis
Apoio Operacional: Fabricio Braghini
Social Media: Ian De Haro, Danilo Stavale
Assessoria de Imprensa: Maria Fernanda Teixeira/Arte Plural
Direção de Produção: Elen Londero/ De Haro Produções Artísticas
Realização: Instituto Usuvias e Cia Veneno do Teatro
Parceria: Secretaria de Cultura do Município de São Paulo