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Estudantes da SP Escola de Teatro relatam sobre as oficinas de jogos teatrais realizadas na Casa 1

No segundo semestre de 2022, a SP Escola de Teatro realizou, por meio do Programa Oportunidades, duas oficinas de jogos teatrais para os jovens LGBT+ atendidos pelo centro cultural Casa 1.

Antes do início das atividades, as estudantes responsáveis, oMabz Oliveira da Luz e Hannah Abnner Amorim Ribeiro, ambas do curso de Humor, passaram por uma formação política e cultural no espaço.

Fundada em 2017, a Casa 1 é um projeto de sociedade civil que tem como propósito a acolhida de jovens entre 18 e 25 anos que foram expulsos de casa pela família por suas orientações afetivas sexuais e identidade de gênero. O trabalho corre em paralelo às atividades do Centro Cultural e da Clínica Social, com todos os serviços ofertados gratuitamente.

As duas estudantes concederam uma entrevista à SP Escola de Teatro para relatar como foram suas experiências nessa atividade de contrapartida.

Confira a entrevista:

Como foi a experiência das oficinas de jogos teatrais na Casa 1?

Hannah: Foi uma oportunidade muito gostosa para colocar alguns estudos em prática e exercitar a minha facilitação de grupos. A oficina foi pensada através da metodologia do empoderamento criativo, utilizada e passada adiante no Brasil pela Artéria Conexões Transformadoras e tinha como objetivo principal construir um lugar seguro para contar nossas histórias através de jogos teatrais e de criatividade. Foi uma troca muito agregadora para a minha formação de artista/arte educadora e acredito que a recíproca é verdadeira.

oMabz: A experiência na Casa1 foi eletrizante! Desde a apresentação geral, passando pela formação para voluntáries para a Biblioteca Comunitária Caio Fernando Abreu e Marielle Franco. Foram divertidas oficinas com jogos teatrais que aconteceram no Galpão da Casa, êxito da proposta da SP e parceria com a Casa1. Foi interessante conhecer como ela acontece e quem a faz acontecer, a vontade é de participar um pouco de cada setor, áreas diferentes e com articulação sociopolítica incrível.

Como os atendidos pela casa reagiram à proposta das oficinas?

Hannah: Foi um processo orgânico, tinha curiosidade para ver o que ia acontecer e abertura para a proposta que apresentamos - tanto da equipe da Casa1 quanto das pessoas que foram fazer a oficina, isso foi muito legal. No processo de colheita sobre como tinha sido a oficina para elas(os/es) o que mais surgiu foi como é interessante contar as vivências de outras formas que não a costumeira e a importância de estabelecer um lugar de segurança e troca do coletivo para que os jogos acontecessem (atingimos nosso objetivo).

oMabz: Teatro! Algo que logo despertou interesse tanto para quem coordena a Casa1 como para os participantes das oficinas de jogos teatrais! Adentrar ao fazer teatral por uma de suas camadas: jogos e brincadeiras. Ao fim de cada oficina, todes participantes perguntavam quando seria a próxima e expressavam desejo de que a oficina fosse permanente.

Como estudante do curso de Humor da SP Escola de Teatro, por que você acha importante a Escola fazer esse tipo de trabalho por meio do Programa Oportunidades?

Hannah: Acredito que uma das principais importâncias seja estar nos espaços trabalhando com arte de diversas formas. É um aprendizado tanto para a trajetória artística - pois além de propor jogos e exercitar a criatividade, você também precisa estabelecer presença e contato com um grupo de pessoas para comunicar algo - quanto numa trajetória de arte educação (no meu caso). Estabelecer pontes entre os coletivos também é um ponto muito positivo do Programa. Por exemplo, eu não conhecia o espaço da Casa 1, nem as propostas culturais/formativas que elos oferecem e também tinham pessoas na oficina que não conheciam a SP e nem como funciona o processo de seleção, então foi uma troca (além de criativa) muito legal para estabelecer pontes.

oMbaz: Como estudante do curso de Humor, acho importante a SP oferecer essa oportunidade tanto pelo apoio financeiro como pela experiência de ampliar nosso repertório na linguagem do humor e de pôr em prática o que aprendemos no curso de Humor, pelo Módulo Vermelho, a palhaçaria.

Para ministrar as atividades, você passou por uma formação política e cultural no espaço. Como foi?

Hannah: Foi tranquilo e ótimo para conhecer a história da Casa1. Elos ofereciam tanto a formação online como presencial, para conhecer os 3 espaços - o galpão, o centro de acolhida e a clínica. Eu fiz o processo virtual e depois fui conhecer o galpão, onde foi realizada a oficina. Na formação nós conhecemos a história da OSC (Organização da Sociedade Civil), como foram surgindo os espaços, como foi o período da pandemia, como a Casa1 está se organizando atualmente e quais seriam os projetos e os setores que poderíamos atuar. Foi um ponto de partida para pensarmos o que iríamos propor.

oMbaz: Tivemos encontro virtual, depois presencial. O membro fundador nos contou como a Casa1 nasceu e como ela se mantém. Passamos por uma breve conversação sobre gênero e sexualidade e suas diferenças e interseccionalidades. Outro destaque é sobre como a organização do espaço se preocupa e prioriza jovens LGBTAMAIS e possui em suas referências pessoas e movimentos sociais que arejam a vida política e cultural valorizando elementos que estão fora dos eixos da cultura dominante: negritude, cultura indígena, mulheres, cultura LGBT+.

Pensando na inclusão social, para você, qual é a importância da SP Escola de Teatro como centro de formação para as artes do palco?

Hannah: A SP Escola de Teatro é coerente e atuante em muitos aspectos que se propõem. Acredito que o ponto chave da sua importância está em abrir espaços para que se pense o jogo, a cena, a brincadeira, a técnica de formas múltiplas (o que é principalmente um ganho para o próprio teatro). Na minha experiência com o curso de Humor, tive contato com referências e metodologias diversas e sinto que isso foi fundamental e imprescindível para que eu pudesse estudar e me experimentar de uma forma que fizesse sentido.

Com certeza o Programa Oportunidade é um pilar para que a SP continue nessa coerência e nesse diferencial de outros espaços de formação, pois possibilita financeiramente - para alguns estudantes (que possamos cada vez mais!) - que a presença e estudo aconteça.

oMabz: A SP Escola de Teatro é de uma excelência na história do Brasil por oferecer espaços físicos, culturais e políticos aos seus aprendizes e toda comunidade brasileira: a excelência docente, pedagógica, administrativa e de um trato afetuoso e delicado para com todes. A SP é uma escola de formação das artes do palco GRATUITA e de uma qualidade inestimável. Recebe aprendizes de todo Brasil: são tantos sotaques, corpos, culturas e percepções próprias de cada região, bioma, clima encontrados na SP que você não se sente estrangeiro. A SP ainda oferece virtualmente conteúdos culturais e políticos virtualmente. Meu primeiro contato com a SP foi assistindo a um encontro com a participação de Helena Vieira, escritora e ativista, em 2018. A importância da SP também é por sua proposta pedagógica, política e cultural disposta a falar e fazer a de(s)colonialidade, a chamar seus aprendizes para propor, na atenção ao ‘como podemos continuar melhorando?’, na forma de integração de aprendizes e transversalidade das linhas de estudo: humor, dramaturgia, atuação, direção, cenografia e figurino, técnicas de palco, iluminação, sonoplastia... e ainda tem os cursos de extensão! Dentro dessa atmosfera, o conhecimento é sobre linguagem e conteúdo de cada linha e também de trabalho e aprendizagem em grupo contemplando cada face humana: desejos subjetivos, traquejo interpessoal, aprender a lidar com divergências de desejos, conhecimentos e emoções e no “fim” apresentamo-nos em construção de criação coletiva para os experimentos e para a vida pessoal. Nesse grande vilarejo urbano chamado São Paulo, a SP é a materialidade dessa rica diversidade, fazendo de seu trabalho de inclusão social referência para toda instituição de ensino comprometida com o social. Vim de uma cidade do interior do sertão do Ceará, Tamboril, a cidade que só tinha uma atriz e um general.

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