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Marcia Tiburi e Giovana Echeverria apresentam proposições teatrais sobre a residência artística Um Fascista no Divã aos estudantes da SP Escola de Teatro


No último sábado, 26, aconteceu a Mesa de Debates promovida pela SP Escola de Teatro cujos temas eram Discussões e Proposições Teatrais sobre a residência artística Um Fascista no Divã, com a atriz  Giovana Echeverria e a escritora e filósofa Marcia Tiburi.

O encontro com os estudantes do módulo vermelho do curso técnico teve mediação de Miguel Arcanjo Prado, coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro, que apresentou as duas convidadas para falar sobre a residência artística que acontecerá no próximo ano na instituição, baseada na peça Um Fascista no Divã, escrita pela Marcia Tiburi e Rubens Casara.

A peça se passa dentro de um consultório e conta com dois personagens – a analista e o fascista. Giovana iniciou o debate contando que estava à procura de algum texto que falasse sobre o momento atual da política brasileira e curiosamente encontrou o livro de Marcia numa livraria. Após a leitura, decidiu que queria trabalhar com ele. Mas sua maior dificuldade foi encontrar algum outro ator para fazer a montagem junto com ela, pois como o assunto é muito polêmico e perigoso, vários artistas recusaram a proposta por medo.

Atores Flavio Tolezani e Rafael Losso apresentam as proposições teatrais sobre a residência artística Gagarin Way aos estudantes da SP Escola de Teatro

Marcia iniciou sua fala para contextualizar a escrita da peça. Ela já trabalha há muitos anos com a pauta do fascismo, fez mestrado e doutorado sobre Theodor Adorno, que é um dos grandes pensadores do tema. Escreveu o livro “Como conversar com um fascista”, que foi publicado em 2015, e ela contou que na época muita gente dizia que era um exagero usar a expressão. Mas a autora já sabia que isso não era verdade, ainda mais por ela ser uma exilada e viver na Europa por motivos políticos. Ela continuou escrevendo outros livros com muitas reflexões teóricas sobre o assunto e isso rendeu a ela muitas perseguições e ameaças de morte.

Dentro desse panorama, ela expôs sua vontade de escrever uma peça de teatro que abordasse o fascismo. Como era casada com Rubens Casara, o convidou para escreverem juntos. Para ela, que estava acostumada a escrever textos teóricos e romances, foi um desafio construir uma peça teatral.

A dramaturgia foi escrita entre 2016 e 2017. Ela revelou que muitas pessoas se interessaram pelo texto, mas tinham muito medo de ir à frente com a montagem. Em 2018, conseguiram fazer uma leitura dramática virtual, pela Mídia Ninja, com Zélia Duncan e Paulo Betti e direção de Beatriz Azevedo.

Arcanjo conduziu a conversa falando sobre o papel fundamental de Giovana na encenação desse espetáculo como um processo de residência na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro em 2023.

A atriz disse que a expectativa da residência é de resgatar a construção dos imaginários, de relembrar o potencial do teatro de chamamento às consciências de todos e espera que esse seja só um início de um movimento. Complementa com o desejo dos artistas e de todas as pessoas que estão minimamente sentindo o que está acontecendo de se encorajarem a tomar posse da sua própria consciência e de chamarem as outras consciências de volta. Em relação à encenação, ela contou que o grande desafio foi em relação aos atores, por vários terem negado, mas ela encontrou o ator André Capuano. Na leitura dos dois, decidiram que o fascista será o público e não o ator.

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O coordenador revelou que neste semestre na SP Escola de Teatro um dos temas do curso técnico é  Democracia e Juventude, dentro do período do final da Ditadura brasileira até os dias atuais, interligado a outros tópicos, como a sexualidade, liberdade, democracia e juventude. Ele disse que percebe uma correlação destes estudos com o que o espetáculo Um Fascista no Divã expõe. Nessa reciprocidade, pergunta a Marcia, como ela vê o papel de cuidar de uma memória e de uma reeducação constante, já que o ambiente da Escola é jovem e concentra uma geração que está chegando.

A filósofa responde dizendo que a tarefa é de sermos responsáveis e que é uma tarefa das instituições e de pessoas que são os cidadãos e as cidadãs de um país. Ela reitera que a tarefa é gigantesca e que primeiramente é preciso consolidar a democracia. Para ela, a base mais profunda dessa construção é a cultura, ao defender que é na cultura que cria-se e recria-se a linguagem. A pensadora finaliza dizendo “É um trabalho de sedimentar a democracia, um trabalho que passa pelas artes, um trabalho que passa pela produção da educação, da cultura, e na cultura mais profunda que é a cultura do diálogo”.

A data de estreia da produção é no início de março de 2023 e vai ficar em cartaz por 3 semanas, de quinta a domingo.

Assista a mesa de debate completa:



Giovana Echeverria é natural de Porto Alegre, fez sua estreia na TV (em “Malhação ID”), mas foi no cinema que ela se descobriu como atriz e participou de alguns festivais mundo afora. Sua estreia nas telonas foi como protagonista de “#garotas – O Filme”, em 2015.


Marcia Tiburi é graduada em filosofia (PUC-RS), em artes (UFRGS), é mestre (PUC-RS, 1994) e doutora em filosofia (UFRGS, 1999). Publicou diversos livros de filosofia, entre eles as antologias As Mulheres e a Filosofia (Editora Unisinos, 2002), O Corpo Torturado (Ed. Escritos, 2004), e Mulheres, Filosofia ou Coisas do Gênero (2008, Edunisc), Seis Leituras sobre a Dialética do Esclarecimento (2009, UNIJUí). Publicou também os ensaios: Crítica da Razão e Mímesis no pensamento de Theodor Adorno (EDIPUCRS, 1995), Uma outra história da razão (Ed. Unisinos, 2003), Diálogo sobre o Corpo (Escritos, 2004), Filosofia Cinza – a melancolia e o corpo nas dobras da escrita (Escritos, 2004) e Metamorfoses do Conceito (ed. UFRGS, 2005). Em 2008 publicou Filosofia em Comum – para ler junto (Record). Publicou em 2009 em parceria com Denise Mattar o livro Maria Tomaselli, sobre a artista homônima. Em 2010 publicou o infantil Filosofia Brincante (Record) e Diálogo/Desenho (ed. SENAC). Publicou em 2011 Olho de Vidro, a televisão e o estado de exceção da imagem (Record). Publicou os romances Magnólia em 2005 indicado em 2006 ao Jabuti de melhor romance e o segundo volume da série Trilogia Íntima chamado A Mulher de Costas em 2006 (ambos pela Ed. Bertrand Brasil). Em 2009 finalizou com o romance O Manto(pela Ed. Record), a série intitulada Trilogia Íntima. Em 2012 publica o romance Era Meu esse Rosto pela Editora Record. Ainda no prelo encontram-se os livros Diálogo/Dança e Diálogo/Fotografia pela editora do SENAC-SP.





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