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Miguel Rocha, estudante egresso da SP Escola de Teatro, concorre ao Prêmio Shell 2023, na categoria Direção; confira a entrevista!

Miguel Rocha, estudante egresso do curso de Direção da SP Escola de Teatro, é um dos indicados da 33ª edição do Prêmio Shell de Teatro, por sua direção na montagem Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, produzida pela Companhia de Teatro Heliópolis.

O diretor é um dos fundadores do coletivo, que foi criado nos anos 2000, e desde o início busca abordar e denunciar temas importantes que perpassam o cotidiano da periferia de São Paulo, espaço onde o grupo surgiu. Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos é a 12ª montagem da Companhia de Teatro Heliópolis.

Em sua temática, a peça apresenta ao público a história das irmãs Maria das Dores e Maria dos Prazeres, irmãs gêmeas e filhas de Iansã, que precisam lidar com o fato dos homens, que possuem papéis importantes em sua instituição familiar, serem ausentes por estarem encarcerados. Após terem que conviver por anos o duro fato de o avô e o pai estarem presos, ambas se deparam com uma situação de injustiça e indignação: a prisão de Gabriel, um talentoso jovem desenhista que é filho de Maria das Dores. Nesse contexto, a narrativa do espetáculo se desenrola, trazendo temas importantes e urgentes ao apresentar um pouco da realidade dentro do sistema carcerário, judiciário e do crime organizado no Brasil. Em paralelo, o espectador também observa os dilemas enfrentados pelas personagens femininas que vivem duros conflitos dentro da sociedade machista que as envolve.

Com essa produção, Miguel Rocha também foi indicado, no ano passado, na categoria Teatro ao Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), que é a mais tradicional instituição de críticos de arte do país, fundada em 1956, e atualmente com mais de 60 anos de atuação no meio cultural e artístico.

A montagem também está indicada na categoria Dramaturgia com Dione Carlos, artista egressa do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro, que concorre por seu texto autoral da criação cênica Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos.

Confira a entrevista na íntegra:

Como você recebeu a notícia de estar entre os indicados do Prêmio Shell 2023?

Eu fiquei feliz. É o resultado de uma trajetória perante um trabalho contínuo e coletivo, então recebi a notícia com felicidade. Ao longo do tempo, você vai investindo no seu trabalho e ele reverbera em alguma medida. Com certeza a indicação do Prêmio é resultado desse trabalho contínuo.

Qual é o impacto dessa indicação para você?

Eu entendo que é um impacto positivo, é o reconhecimento de uma trajetória de vários trabalhos desenvolvidos na Cia. e que fui maturando e afinando a escuta e o olhar sobre nosso território, sobre nossa pesquisa. Cada vez mais afinando também a questão das nossas escolhas estéticas, então eu acho que é um impacto positivo na medida que ele é o reconhecimento de uma trajetória de trabalho.

Conte-nos um pouco mais sobre seu trabalho como diretor no espetáculo “Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos”.

Meu trabalho em Cárcere é um trabalho que eu costumo dizer que ele já vem ao longo de vários anos. A Cia. tem uma pesquisa em nosso território, a partir da nossa relação com o território e do nosso olhar da arquitetura do território, como moradores e como também observadores desse território. Então minha direção se dá a partir desse nosso microcosmo, claro que sempre em relação à sociedade e a tudo o que está a nossa volta em relação ao contexto histórico do nosso país. Meu trabalho como diretor é sempre tentar organizar esteticamente e politicamente um discurso que traga questões, como no caso de Cárcere, que entendo como urgente a ser discutido em sociedade. É um olhar atento ao nosso próprio tempo, no qual estou inserido.

Por ser um dos fundadores da Companhia de Teatro Heliópolis, responsável pela produção, como você transmite ao público a importância de tratar determinadas temáticas na atualidade?

Como fundador e morador de Heliópolis, é importante que a gente possa partilhar e provocar o público com temas que entendo que são urgentes e necessários a serem debatidos. Sempre na perspectiva de que não há uma verdade absoluta e que a gente tá partilhando uma experiência estética com o público, a fim de trazer à tona e de debater questões que a gente percebe que são necessárias, que muitas vezes nem todo mundo tem essa experiência, que a periferia às vezes tem e entendo que é importante partilhar essas experiências.

Por ser estudante egresso do curso de Direção da SP Escola de Teatro, como você está levando esses aprendizados para sua carreira profissional?

Para mim, ter participado do curso de Direção da SP Escola de Teatro foi super importante poder partilhar com vários outros colegas, com os orientadores e profissionais que tinham uma experiência vasta e que se pode ampliar os meus horizontes, as minhas outras possibilidades de ver o mundo, de ver o teatro. Então eu entendo que foi uma experiência super importante para a minha carreira, para a minha profissão. Acho que sempre é necessário a gente estar se reciclando, tendo outras experiências, para que a gente possa ampliar nossos pontos de vista, então a minha passagem pela SP foi importante e fundamental para a minha carreira.

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