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Entrevista com Mariana Ozório, uma das vencedoras do Prêmio Solano Trindade 2023

Em 25 de julho, às 19h, a SP Escola de Teatro e o Selo Lucias lançam a coletânea de três dramaturgias premiadas no Prêmio Solano Trindade 2023.

A dramaturga Mariana Ozório foi uma das vencedoras dessa edição do prêmio, com a peça “estado de guerra: uma dramaturgia do fim do mundo”.

E não é a primeira vez que Mariana vence o Prêmio Solano Trindade. Em 2021, a escritora de Belo Horizonte foi uma das três vencedoras, com o texto “Piscinas: um Estudo Sobre Águas”.

No dia 25, o livro será distribuído gratuitamente ao público e também estará disponível para download na internet.

Também estão abertas até 23 de agosto as inscrições para a edição 2024 do prêmio. Corra para inscrever seu texto!

Os vencedores de 2024 serão divulgados em setembro, com lançamento do livro no final do ano.

Leia a entrevista com Mariana Ozório:

Seu texto vencedor foi o “estado de guerra: uma dramaturgia do fim do mundo”. Pode nos contar um pouco sobre ele? O que os leitores podem esperar quando o livro sair em julho?

O texto foi escrito entre 2020 e 2021, durante a pandemia da Covid-19. A dramaturgia vai falar do fim do mundo e do fim de nós mesmos. E também do fim do amor. No texto, são duas personagens e elas, aparentemente, são um casal ou possuem algum tipo de relação afetiva. A gente vê, no decorrer da dramaturgia, que já começa no fim do mundo, o fim desses personagens e do afeto que existe entre elas. Elas rememoram as próprias histórias, as relações entre elas, com suas famílias. Os leitores podem esperar algum tipo de identificação, seja sobre o fim, seja sobre o período da pandemia. Pensar os fins e como lidar com eles, como suportá-los.

Como foi o processo de escrita dessa peça?

O processo de escrita foi atravessado, em parte, pelos meus sentimentos durante a pandemia, vendo o que nos acontecia. No Brasil, o governo que estava em vigor naquela época, e também no mundo. Pensei muito no fim dos corpos, no fim de nós mesmos. Então esse sentimento sobre aquele período foi importante. A escritora Marguerite Duras tem um livro sobre seus processos, “Escrever”, que me inspira muito. Percebo que escrevo a partir de coisas que não são exatamente minhas, não acontecem na minha vida, mas me provocam de alguma forma. Essas coisas pulsam, criam um ímpeto, me fazem querer transformar tudo em palavra.

Quais são as suas grandes inspirações dramatúrgicas? Seja escritoras(es) do Brasil, de fora, do passado, do presente – e outras inspirações artísticas que agregam a sua literatura?

Tudo que leio e recebo me toca, grafa meu corpo de alguma forma. É muita coisa, fica até difícil de falar. Mas, se eu preciso citar alguns nomes, diria Grace Passô, Conceição Evaristo, Aline Bei, Elvira Vigna, Franz Kafka, Freud. São alguns dos autores que perpassam minha escrita. Tenho muitas outras inspirações, como minha mãe Leila, de quem falo muito no meu livro de poesia “Peito Cheio”.

Por que você optou pela literatura e pelo teatro? O que te move enquanto escritora?

Minha entrada no teatro se deu de forma muito inusitada. Sou formada em Psicologia e na época da faculdade eu também comecei a fazer um curso livre em teatro. Entrei com um intuito de falar melhor em público, ser menos tímida. Mas, de repente, uma chave virou em mim. A partir daí o teatro deixou de ser um dispositivo para aprender ferramentas e passou a ser uma forma de trabalho e expressão. Depois, entrando no teatro universitário, quando fiz um curso técnico na UFMG, comecei a escrever mais e experimentar novas dramaturgias. Na época da pandemia, quando não podia estar no palco atuando, comecei a me dedicar mais à escrita e a partir daí vieram textos como os dois que venceram o Prêmio Solano Trindade.

É a segunda vez que você ganha o Prêmio Solano Trindade. Quais dicas você dá para outras escritoras e escritores negras e negros que também estão começando e desejam escrever novas peças, desejam participar do Prêmio?

A minha dica é: escrevam, escrevam e escrevam. E reescrevam. Muito. Sempre. É importante dar tempo ao seu próprio texto. Escrever, deixar ele descansar, depois voltar a ele, ver o que falta. Outra coisa importante é saber quando terminar. Não queira dizer tudo em um texto só. Finalize seu texto. Depois haverão outros para contar outras coisas. E eu também digo aos jovens escritores: tentem. Não se preocupem em ouvir um não. Enquanto mulher negra, eu sempre falo: se eu ficar esperando que os outros digam a mim o que sou, não ouvirei nunca a resposta. Nossos corpos vão ficar esperando para sempre que digam o que somos, que deem esses nomes, essas aprovações. Eu falo: sou psicóloga, sou dramaturga, sou circense. Precisamos nos dar os nossos nomes. Dizer: somos escritores.

+ Entrevista com Djalma Júnior, um dos vencedores do Prêmio Solano Trindade 2023

+ Entrevista com Luz Ribeiro, uma das vencedoras do Prêmio Solano Trindade 2023

+ Leia os livros com as dramaturgias premiadas em 2020, 2021 e 2022 na página do Selo Lucias

Sobre o Prêmio Solano Trindade

O Prêmio é uma homenagem ao poeta, dramaturgo e diretor pernambucano Solano Trindade (1908-1974). Arte-ativista das causas negras, Trindade foi o criador do Teatro Popular Brasileiro (TPB), grupo formado por operários, domésticas e estudantes e que tinha como inspiração algumas das principais manifestações culturais do país. Atuou também na dança, criando em meados dos anos 50 um grupo referencial: o Brasiliana, reconhecido no Brasil e em temporadas no exterior.

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